Ser Professora

AMOR QUE EXIGE

Todos os dias ela sai...
Carregada de livros, de jornais, revistas...
Ela vai com sonhos, com propósitos, com sono ainda.
Pontual, ela sai
E prepara, e encara a difícil tarefa de transmitir, transformar, compartilhar.
Leva sua vida em cima de folhas fundas,
Que revelam uma lágrima por seu trabalho não ter valido nada
Ou na alegria de ver uma boca com uma enorme “porteira”,
Abrindo-se com a primeira leitura:
sofrida, aprendida, com gosto de vitória.
Ela sai para algum lugar,
Onde às vezes encontra desprezo...
Como se o que ela fizesse fosse fácil...
Olhares desatentos,
Bocejos que saltam aos olhos como uma navalha,
cortando esperanças e amor.
Amor, dedicado a tantos!
Madrugadas sem dormir,
corrigindo o vómito daqueles que fazem descaso.
Ela segue.
A estrada é longa.
Tantas vezes se pede:
por favor, com licença, prestem atenção...
Tantas profissões, tantas outras mais bem pagas,
Mas escolheu esta, porque apesar de saber o quanto lhe custará,
O quanto sua garganta vai sufocar...
Mas ela é tão gente,
Que se deixa inebriar pela paixão de ensinar,
E o amor não tem preço.
O médico examina o corpo,
O dentista, a boca,
Mas a professora, toca a alma!